quarta-feira, 3 de junho de 2009

O candidato "roubalheira"...

Não percebo por que razão o PS não candidatou José Lello para cabeça de lista ao PE. Ou mesmo, para usar a prata da casa europeia, Ana Gomes.
Faziam o mesmo papel de Vital, em muito melhor, sem aquela cara sofrida de quem acha que o mundo não lhe reconhece os méritos e está disposto, para não perder ego, a fazer uma imitação pobre de Alberto João Jardim, ou melhor ainda, paupérrima, de Ana Gomes ou José Lello. Se fossem Lello e Ana Gomes as cabeças de lista, pelo menos não havia aquele ar de sofrimento; diziam à bruta o que estão habituados a dizer à bruta. Fizeram aliás muito da sua carreira política assim, porque há sempre aficionados no género, embora se esperasse que Vital fizesse diferente.
Mas não faz. Como tudo corre mal a Vital, ele não é capaz de se desevencilhar das asneiras que faz e anda à volta, anda à volta, anda à volta, até que Sócrates lá lhe vem dar um abanão que dura o tempo do abanão. Depois, volta a andar à volta, a andar à volta, a andar à volta.
Este episódio de Vital com a “roubalheira” nem vale a pena sequer ser discutido nos termos em que o coloca, porque não sei o que ele fará quando lhe saírem na rifa uns PS no “banco do PSD”. Este era o banco onde uma parte considerável do dinheiro da Segurança Social estava depositada pelo governo Sócrates, até que foi retirada em circunstâncias pouco esclarecidas em Agosto de 2008 ,precipitando a crise do BPN. Ainda há muita coisa, muita coisa, por esclarecer e que se deseja, acima de tudo, que seja esclarecida com as devidas consequências, penais ou outras. Mas Vital deveria saber que existe uma regra de ouro nestes “negócios” em Portugal: é que sempre são feitos em tandem entre gente do PSD e do PS. Talvez neste caso, houvesse um maior desequilibrio do que o costume, mais PSD e menos PS, e talvez seja por isso que muitas protecções não se verificaram. Bem pelo contrário.
Dito isto, Sócrates deve estar a encolher os ombros e piscar os olhos de cumplicidade à corte de assessores, porque Vital está a fazer-lhe um serviço sem preço. Está a fazer circular os “argumentos” que ele deseja mais que tudo que circulem, que equilibrem o Freeport, que encontrem culpados políticos para a “crise” no PSD, que distraiam tudo e todos do seu papel e do governo. Haverá um dia em que, não é preciso ser adivinho, Vital ainda vai ter as suas palavras de volta, em dobrado. Mas elas irão para Vital, o candidato da “roubalheira”, que deu a face da grosseria populista, e não para Sócrates, o mentor escondido.

José Pacheco Pereira
In Sábado (3-6-09)

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