terça-feira, 18 de agosto de 2009

Tudo isto é triste (C.M.)

Coloco isto aqui, porque entendo que é uma "análise" espectacular...

...A chanceler alemã Angela Merkel vai ter eleições em Setembro. Tal e qual como cá. E, naturalmente, quer manter-se no poder. Apesar disso, é uma senhora que não cede à demagogia e à mentira e sabe que os seus cidadãos não são parvos nenhuns.
A Alemanha, como outros países, foi apanhada em cheio pela crise financeira e económica e está a sentir na pele os efeitos. Por estes dias a senhora Merkel foi confrontada com uma ligeira recuperação do PIB alemão no segundo trimestre, isto é, 0,3% em relação aos primeiros três meses do ano. E a chanceler alemã foi muito clara ao dizer que seria pouco sério antecipar o fim da crise ou prever o que se irá passar na economia e no mercado de trabalho nos próximos tempos. Declarações responsáveis, serenas, sérias de uma senhora que vai ter eleições em Setembro e que, naturalmente, as quer ganhar.
Por cá, como se sabe, não há nada disto. Por cá, como se sabe, a mentira, a irresponsabilidade e a falta de seriedade andam de mãos dadas indiferentes à crise e ao sofrimento de muitos milhares de indígenas deste sítio pobre, manhoso, triste, cheio de larápios, repleto de mentirosos e, obviamente, cada vez mais mal frequentados. A política de banha da cobra feita por medíocres continua a ser o pão-nosso de cada dia. O senhor presidente do Conselho esteve dez dias em Menorca a gozar umas mais do que merecidas férias. Infelizmente decidiu interromper as ditas com um artigo de opinião sobre uma escolha qualquer.
Infelizmente o senhor presidente do Conselho não fez a escolha decisiva e decidiu regressar comos mesmos tiques, as mesmas palavras, as mesmas mentiras, a mesma demagogia. Eufórico, com um sorriso patético, veio gabar-se das suas políticas quando o Instituto Nacional de Estatística anunciou um crescimento de 0,3% do PIB no segundo trimestre. Para o senhor presidente do Conselho essa ligeira recuperação mostra que o seu Governo está no rumo certo e proclamou de imediato o princípio do fim da crise.
No dia seguinte, a mesma instituição revelou que o desemprego tinha subido para 9,1% e que mais de 507 mil pessoas estavam sem trabalho, o pior desempenho dos últimos 30 anos. É claro que o senhor presidente do Conselho, desta feita, culpou a crise internacional pelo desastre. Estes dois comportamentos são obviamente muito reveladores. A Alemanha é dirigida por uma senhora séria e responsável e este sítio é, como se vê, governado por um vendedor de banha da cobra.

In "Correio da Manhã"

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