terça-feira, 10 de abril de 2012

Dr. Soares, o que é que não percebeu?!... "Não há dinheiro!"

Mário Soares, reagiu mal à ideia do corte definitivo do 13.º mês aos funcionários do sector público e aos pensionistas. E qualificou-a de "asneira" . A sua contestação faz sentido?
Não. Porque o Estado não tem dinheiro. E não ter dinheiro é mesmo isso: Não Ter Dinheiro. Por isso pede dinheiro emprestado: para cobrir a diferença entre receitas e despesas (o diferencial era, em 2011, de oito pontos percentuais). Até Abril de 2011, o Estado pedia aos mercados. Quando estes começaram a duvidar da nossa capacidade para devolver o que emprestaram, travaram a fundo. Aí fomos bater à porta da troika. Mas a troika só aceitou emprestar mediante o cumprimento de um receituário que garante a devolução do que empresta. Ora isso implica que o Estado passe a gastar muito menos do que até agora.
Quando a troika diz que podemos ter de abdicar definitivamente do subsídio de Natal, está a dizer que duvida da nossa capacidade para gastar menos. E tem boas razões para isso: não recorremos ao FMI três vezes em 37 anos (duas vezes com o dr. Soares)? E em dez anos não falsificámos quatro vezes o défice orçamental, recorrendo a fundos de pensões (CTT, CGD, PT e banca)?
É surpreendente que alguém com o intelecto(???) de Soares não perceba como o mundo mudou de 1983 para 2012. Mas é ainda mais estranho que não entenda que, tal como em 1983, não somos nós que temos motivos para duvidar da troika; é a troika que tem razões para não confiar em nós. E há duas formas de enfrentar isto: 1 - a negação; 2 - aceitar o problema e mudar. Eu prefiro a segunda. Só por uma razão: dá frutos. Como se viu no leilão de dívida pública a 18 meses, realizado ontem.


04 Abril 2012

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