sábado, 19 de abril de 2008

A BANDEIRA ESFARRAPADA DA EUROPA PAIRA EM VILAR FORMOSO



Quase reduzida a farrapo, já consumida em mais de metade do seu corpo, onde nem as estrelas da União Europeia já figuram tal como são em número de países comunitário, a Bandeira da UE paira mesmo á entrada/saída da fronteira de Vilar Formoso.
Para quem sai, é talvez o significado esfarrapado da uma aventura europeia em busca de melhores vidas para além da raia e, para quem entra em Portugal, é a imagem primeira que a Europa dá no país dos navegadores.
Mesmo na linha de fronteira, onde à distância de um palmo ou de um passo tudo é diferente, a bandeira esfarrapada significa diariamente a caminhada de incontáveis automóveis aos postos de abastecimento onde gasolina, gasóleo, gás, são mais baratos e não só, os salários mais elevados.
Passar aquela raia onde a esfarrapada bandeira vigia ambos lados da fronteira significa todos os fins de semana uma azáfama de carrinhas que a partir de Vilar Formoso partem com Portugueses que trabalham no país de “ nuestros hermanos” na construção civil, nos campos, nas oficinas…a emigração temporária que quantas vezes não se torna definitiva.
Dois jovens ciganos acolhem os que entram no país e pedem uma moeda para… sabe-se lá o quê, em troca de vigiarem o automóvel estacionado na entrada do país da BA 101, a locomotiva a vapor que recorda em Vilar Formoso a primeira travessia do “Sud-Express” a caminho da França.
Aquela bandeira é de uma União Europeia que em comum com Portugal, apenas tem o facto de ser União mas que aqui, neste lugar de fronteira da Beira Alta com Castilla y Leon, tem a diferença de estar velha, comida pelo vento e pelo tempo que, talvez muitos ainda nem sequer notaram…
Ali mesmo por cima do Posto Misto onde a Polícia espanhola, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e a GNR coabitam no controle de um ponto de fronteira com tantos outros pontos descobertos ao longo de séculos que nem bandeiras esfarrapadas conseguiram vedar em nome da boa vizinhança de povos – esses sim – de história comum e vidas quantas vezes por contar.

José Domingos

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