sábado, 20 de setembro de 2008

Trabalhadores concentraram-se à porta da fábrica Efilã que fechou as portas

Os trabalhadores da fábrica Efilã, com sede na aldeia dos Trinta, no concelho da Guarda, concentraram-se na segunda-feira, 15 de Setembro, junto das instalações da empresa, depois de terem indicações da Administração de que a mesma “não vai abrir” após um período de suspensão de contratos de trabalho. O operário Mário Teles, de 57 anos, que trabalhou durante 40 na empresa de fiação e cardação, contou ao Jornal A Guarda que os cerca de 60 operários da fábrica estavam com os contratos suspensos desde o dia 1 de Abril deste ano mas, na semana passada, a Administração reuniu com os trabalhadores e anunciou que “já não abria” as portas. Na segunda-feira, os operários deram conta da chegada de três camiões às instalações da fábrica e abeiraram-se dos portões para verem “com os próprios olhos o fim da empresa”, como disse o mesmo trabalhador.Mário Teles contou que em Abril, a Administração “começou a dizer que não havia trabalho, suspendeu-nos os contratos e mandou-nos embora. Ainda ficaram cinco a trabalhar mas chegaram a um acordo com o patrão e saíram em Junho. Agora, na semana passada, fez uma reunião com a gente e disse que já não abria”.Acrescentou que os operários estão com dois meses de salários em atraso e subsídio de Natal e que o Sindicato dos Trabalhadores do Sector Têxtil da Beira Alta já está ao corrente da situação e disponibilizou um advogado para apoiar os desempregados. “Já falámos com o advogado e vamos avançar para Tribunal. Para além dos salários em atraso, queremos as indemnizações e tudo aquilo a que temos direito”, disse.Em relação ao seu futuro, admitiu que não lhe restará outra alternativa a não ser “a reforma”. “Com 57 anos, para onde hei-de ir?”, questionou.Ao seu lado, a operária Maria José, 46 anos, com 16 anos de trabalho na fábrica, comentava que a concentração realizada na tarde da passada segunda-feira junto do portão da empresa serviu para “terem a certeza que a fábrica iria fechar”. “Vimos os camiões e viemos ver. Matéria-prima não estão a pôr, eles estão é a tirar as máquinas”, opinou.“Nós não vamos tentar impedir [a saída dos camiões] porque não vale a pena”, disse Mário Teles, resignado com a situação que afecta os operários da fábrica têxtil.Ilídia Saraiva, de 42 anos, que trabalhou 24 anos na empresa, também saiu à rua para assistir ao momento. “O fecho da fábrica não nos surpreende. Nós só aqui viemos para verificar o que se estava a passar”, justificou, contando que o administrador “fez a reunião e disse que a fábrica já não abria”. “É triste ver uma coisas destas”, admitiu, considerando que no seu caso, com 42 anos, fica “num beco sem saída” em termos de emprego. “Aqui nas redondezas já não tenho emprego. Não sei como vai ser o meu futuro”, referiu.O Jornal A Guarda procurou obter esclarecimentos junto do administrador, que se encontrava no interior das instalações, mas os contactos feitos à porta do escritório revelaram-se infrutíferos.Recorde-se que no início de Maio deste ano, a aldeia dos Trinta também assistiu ao fecho da fábrica Jopilã, que lançou 36 operários para o desemprego. Com o encerramento da Efilã restam duas empresas que estão a laborar a cem por cento, empregando cerca de 200 pessoas.

Jornal "A GUARDA" (18/09/08)

Sem comentários: