quarta-feira, 22 de abril de 2009

C.M.Guarda - O Relatório e as políticas...

Escrevi em 2007, acerca do relatório da CMG e restantes documentos de prestação de contas, o seguinte:"O relatório de Gestão da Câmara Municipal da Guarda, pela qualidade que apresenta, merece de novo a nossa reflexão. O seu conteúdo,cumpre bem o estipulado pela legislação e chega a ser pedagógico... deviam estudá-lo atentamente..."
Ora percebe-se hoje, que o "poder" , o tem considerado mero registo contabilístico do "deve e haver", pelo que as politicas que nele se espelham, são hoje uma clara afirmação do que não se deve fazer na gestão da "coisa publica".
Não vale a pena sequer, recordar as orientações afirmadas na politica de saneamento financeiro em 2005, e de todo o processo que mal orientado e portanto verdadeiro insucesso , veio a ter lugar. O importante é, em fim de mandato, verificar se as orientações politicas na gestão das finanças publicas da nossa autarquia, foram no sentido dos compromissos assumidos quer em promessa eleitoral, quer no discurso de posse, quer ainda nas intervenções na Assembleia Municipal, a quem se pediu solidariedade na prossecução desta estratégia. Devemos lembrar, que até a oposição não colocou entraves ao desenvolvimento daquilo que parecia ser uma forma diferente de querer fazer politica autárquica.
Então vejamos:
1 - As queixas de que no final do mandato anterior, havia entrado na Câmara muita gente, e que por isso havia que limitar ao máximo os novos recrutamentos, afinal não passou de mera retórica. Na câmara mais 130 pessoas, nos SMAS mais 9 pessoas, desconhecendo-se ainda, por não ter sido apresentadas as respectivas contas, o que se terá passado nas empresas municipais. No SMAS, depois de uma evolução positiva, regrediu-se quanto a esta matéria.
Será que foram verdadeiras necessidades que levaram a tanto recrutamento, ou não passou, como dizem as más línguas, de pagamentos de favores que permitiram a Guterres o desabafo de Jobs for Boys? Estou em crer que as tarefas que nos esperam, carecem de facto de toda esta gente, se devidamente motivada e esclarecida sobre o verdadeiro papel da Autarquia no contexto local e regional.
Consideraria assim objectivo não cumprido, os compromissos que ouvimos no inicio do mandato.
2 - A forma de deixar de realizar orçamentos empoladíssimos, que resultavam em taxas de realização muito baixas, parecia ser a nova orientação no inicio do mandato. A inversão desta abordagem, resulta numa taxa de execução em 2008 de apenas 35% quanto a orçamento,de 28% quanto a GOP's e de 30,55% nos SMAS.
Acreditar em orçamentos empolados, permite muito "cabimentar", mas quando a "realização" aparece em números, verificamos que apenas temos capacidade para pagar, valores que em média não chegam a um terço do que prometemos. Sim, porque o orçamento ao ser proposto e aprovado, cria expectativas na organização e em todas as entidades que se "relacionam com a CMG, que muitas vezes as desequilibram ao ponto do seu encerramento. Não se precisa de dar exemplos, todos já ouvimos relatos das Juntas de Freguesia, de colectividades das mais variadas áreas e em particular dos clubes, que deveriam ser o nosso orgulho, e gastam grande parte das suas energias a tentar encontrar, ou formas de receber do devedor CMG ou de não pagar junto de fornecedores.
Esta esperança de uma nova forma de projectar o nosso futuro colectivo, também falhou
3 - O afirmar de soluções de visão mais regional que concelhia, tinha também uma certa expectativa criada. A liderança da capital de distrito, tornando-se o motor de toda uma região, com o concretizar de projectos que se afirmavam de impacto no mínimo distrital como a PLIE, ou de âmbito multi-concelhio como a empresa Aguas de Zêzere e Côa, foram tão mal geridos que chegamos ao ponto de não terem não só não desempenhado o seu papel, mas até sido bloqueio ao normal desenvolvimento económico. Veja-se no primeiro exemplo, a quantidade de empresas que já se deslocalizaram (ou tiveram que ir investir para outras terras) e que deixaram de ser contributo para o nosso PIB regional.
Quanto ao segundo exemplo, veja-se o contra-senso entre a ideia de base de encontrar economias de escala num investimento multi-municipal, e os agravamentos de custos na prestação de bens e serviços daquela entidade (quem não sente os brutais aumentos do custo da agua, e na respectiva factura que todos os meses nos chega a casa) que permitiriam pelo menos aliviar os deficits dos SMAS, e agora conclui-se que a dívida dos serviços da CMG aquela entidade, tem continuado a crescer e ultrapassa já os 7,00 milhões de euros (no inicio do mandato este valor era de 3,969 milhões de euros). E se a AZC vier a falir por incumprimento dos seus principais clientes, como garantimos nós a sustentabilidade do sistema? Legislação recente, obriga a que os preços dos serviços prestados nesta área, cubram os respectivos "custos de produção", o que fará prever, se não alterarmos as orientações na gestão, que teremos mais e brutais aumentos de agua, tratamentos de esgotos, etc.
Mais uma promessa não cumprida, e agravada pela opção de não solidariedade, quando a câmara do Fundão, nos desafiou a exigir uma mudança de quadro de relacionamento. Em nome do "amiguinho" dissemos não. Claro que a um Amigo nada se exige, apenas se pode pedir, e se ele não der, paciência...
4 - A prometida alienação de património como forma de garantir receitas suficientes para que pudéssemos tirar partido do QREN, foi mais uma miragem. Apenas ficou na promessa. Os projectos, as candidaturas na remodelação do Hotel TURISMO, a contratação de parceiros para a sua alienação, a vinda da fileira das energias eólicas através de Pina Moura e a sua Iberdrola, o Guarda Mall e a requalificação de um espaço muito carecido que é o mercado e a central de camionagem, etc. etc, deixam-nos hoje muito mais pobres, principalmente aqueles que acreditaram que tudo isto era possivel.
Mais um conjunto de promessas de "palavra de honra" que ficam por cumprir.
Precisamos agora de acreditar, e sabemos que a contínua perda de um capital de esperança e credibilidade nos decisores políticos, nos traz dificuldades acrescidas.

Porque temos consciência das capacidades que todos somos capazes de revelar, quando a necessidade nos obriga, estou certo de ser capaz de devolver alguma esperança às nossas gentes e garantir à Guarda, um futuro diferente.

Crespo de Carvalho

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