quarta-feira, 2 de março de 2011

PEDRO ROQUE, novo Secretário Geral, discurso de tomada de posse.


Mas na plena convicção de que, connosco, Portugal vencerá! Termina agora, após a eleição dos novos órgãos estatutários dos Trabalhadores Social-Democratas, da moção de estratégia e das alterações aos estatutos, este nosso XII Congresso Nacional.
Permitam-me que as minhas primeiras palavras, por uma questão de afectividade vão para a cidade de Peso da Régua e para o Alto Douro que tão bem nos soube receber, de tal modo que nem a meteorologia quis deixar de connosco colaborar.
Falo de afectividade também porque, eu próprio, não sendo oriundo desta região pude, aqui bem perto,na outra margem deste rio que, a um tempo, divide e une, criar parte das minhas raízes. De facto durante alguns dos meses desse ido ano de 1988 quando, em Lamego fiz a minha instrução militar nesse garboso Centro de Instrução de Operações Especiais, como então se designava, aprendi a conhecer e a adorar o Douro e as suas serranias.
A dificuldade dessa instrução só foi, aliás, compatível com a dureza que apresenta o relevo da região.
Porém, 22 anos volvidos, recordo igualmente, com imensa saudade, a pureza e hombridade de todas as pessoas que então contactei e a imensa lição de vida que deles recebi.
No início deste congresso falei-vos de Miguel Torga, o vate do Alto Douro. Agora falo-vos de Fernando Pessoa, recordando a frase lapidar que está inscrita num dos quartéis dos Rangers de Lamego: "Cheio de Deus não temo o que virá. Pois venha o que vier, nunca será maior do que a minha alma".
Muitas vezes, ao longo da minha vida procuro perante as adversidades recordar esta frase.
Nesta ocasião, em que quis o Congresso dos TSD, dar-me a sua confiança para esta tarefa desafiante e de enorme responsabilidade, creiam que esta frase foi precisamente a primeira coisa que veio até ao meu pensamento. Não que esta minha eleição se trate de uma adversidade, muito pelo contrário, mas porque sei que, só com auto-confiança nas minhas capacidades mas, sobretudo na de todos vós sem excepção, será possível levar por diante este desafio de enorme responsabilidade a bem do ideal da social-democracia.
Essa responsabilidade é tanto maior quanto o facto de estarmos perante a circunstância de eu suceder a alguém que deu o seu melhor a esta estrutura que todos amamos. Foi seu fundador, ajudou a ergue-la, moldou-a, tornou-a respeitada dentro e fora do PSD e consolidou a sua implantação indelével no movimento sindical português.
E esta também é uma parte afectiva deste discurso: de facto, agora que o Arménio Santos deixa a liderança da estrutura há, em mim (em todos nós, por certo), uma mistura aparentemente contraditória de orfandade e, em paralelo, de uma confiança inabalável na estrutura que dirigiu ao longo destes anos.
Arménio Santos – esta não é, de modo algum, uma despedida, muito pelo contrário, é apenas um “até já”, até porque sei quão importante é ter-te por perto, com o teu conselho experiente e avisado e também pelo facto indispensável de seres um dos nossos deputados à Assembleia da República.
Os TSD tem para contigo uma dívida de gratidão imensa - pela tua entrega à estrutura, pela tua enorme disponibilidade para a mesma mas, acima de tudo, pelas relações de amizade que procuraste cultivar e pela tua crença inabalável no consenso como a melhor garantia da coesão. E é, precisamente neste aspecto, que os TSD sempre se constituíram como o melhor exemplo para o PSD e para o país.
Arménio! Em meu nome pessoal e em nome desta tua e nossa estrutura: BEM HAJA!
Também uma palavra para os companheiros que protagonizaram  candidaturas alternativas aos diversos órgãos. O estatuto de adversários terminou ontem. Hoje, após a democracia ter ditado as suas leis e de novo, como a mítica Fénix renascida, voltámos a ser as irmãs, os irmãos, as companheiras e os companheiros de sempre, com uma fé inabalável nos TSD, reforçada pelo clima espectacular com que decorreu este nosso XII Congresso.
Este congresso da Régua dos TSD fez-me recordar conclaves, de outros tempos, do Partido Social Democrata – certamente que comigo partilhais desta sensação vibrante que dificilmente se desvanecerá da nossa memória!
Companheiro Alfredo Correia: para ti vai uma palavra de admiração, não só pela amizade que nos une mas, pelo facto, de teres portagonizado uma candidatura que, tal como a minha, se guiava pela convicção de querer o melhor para os TSD. 

Bem haja, amigo!

Mais, julgo que este congresso te deve um aplauso de reconhecimento!
A coesão e a busca dos consensos será, agora que a estrutura me passa o testemunho, o bem mais precioso que procurarei salvaguardar. É importante que, perante as divergências, se estabeleçam as pontes do diálogo e do entendimento até ao limite do possível. Assim se reforçam os laços do companheirismo entre pares - como todos aprendemos bem cedo no movimento sindical: a união faz a força!
É essa a minha primeira e principal premissa neste mandato. Prometo solenemente que ninguém se sentirá excluído, todos seremos poucos para levar por diante os Trabalhadores Social-Democratas!
Não saindo ainda do registo emotivo deixo uma palavra especial a todos os delegados e observadores deste XII Congresso nacional dos TSD. É um momento alto de qualquer organização a realização de um Congresso, eu diria mesmo, a celebração de um Congresso, pois é disso que se trata.
Presto a minha homenagem às mulheres e aos homens de boa-vontade que dos quatro cantos deste nosso Portugal continental aqui vieram reunir-se e retribuir a homenagem ao Peso da Régua e ao Alto Douro.
Mas, perdoem-me todos estes, que eu faça um destaque muito especial aos delegados das regiões autónomas dos Açores e da Madeira pois o seu esforço de deslocação foi, por motivos óbvios, muito superior. São também eles que cumprem Portugal no Atlântico, com as dificuldades inerentes à insularidade, mas que não quiseram deixar de estar presentes aqui na Régua para ajudar a reforçar a nossa estrutura.
Deste nosso congresso saem também linhas de orientação referente à actuação dos TSD para o próximo triénio.
Foram intensamente debatidas durante os nossos trabalhos, a moção do Secretariado Nacional obteve a maioria dos votos mas, tal como tive ocasião de referir ontem, as outras duas moções apresentadas (S.D. Setúbal e SBN) foram contributos muito importantes para o debate e devem também, e em minha opinião, servir de orientação para o próximo mandato naquilo em que não forem contraditórias com a moção vencedora.
Reitero esse meu compromisso. Obrigado aos seus primeiros subscritores e a todos quantos contribuíram para o enriquecimento dos seus textos.
A minha eleição enche-me de orgulho. Procurarei, dando o meu melhor, estar à altura da responsabilidade e da expectativa que, naturalmente, gerei na maioria de vós. O meu trabalho dependerá de mim, do meu empenho e capacidade mas, de igual modo, de todos vós e deste enorme esforço colectivo que tem sido a história dos TSD.
Contem comigo e eu contarei convosco!
Caro companheiro Pedro Passos Coelho,
Os TSD são uma estrutura autónoma do PSD para o mundo laboral.
Como vê nesta sala, o Partido tem todas as razões do mundo para se orgulhar deste conjunto de militantes que são também, maioritariamente, militantes do PSD.
A nossa implantação no movimento sindical é tradicionalmente muito forte o que, aliado à característica interclassista do PSD, faz com que, o nosso Partido, se possa orgulhar de ser também, sobretudo e genuinamente um partido de trabalhadores.
A nossa implantação no mundo sindical assenta em dois pilares essenciais.
Por um lado a nossa participação na UGT – União Geral de Trabalhadores. Somos, inequivocamente, pela manutenção e reforço do projecto UGT. Importará, todavia, reforçar a autonomia da Tendência Social-Democrata, articulando posições entre todos os seus membros e fazendo-nos respeitar. Só assim ajudaremos a credibilizar ainda mais a UGT aos olhos dos portugueses.
Por outro lado, os TSD têm, tradicionalmente uma forte implantação no seio do movimento sindical independente. Importará, assim, aumentar o apoio e aos nossos companheiros que estão envolvidos nos sindicatos independentes procurando reforçar e consolidar os TSD neste movimento sindical.
Também nas Comissões de Trabalhadores importa dinamizar, ainda mais, a nossa participação procurando, na medida do possível concorrer ao maior número possível de actos eleitorais e aumentar o número de eleitos dos TSD.
Não obstante, os TSD não devem esgotar a sua intervenção no movimento sindical.
Importa privilegiar um discurso dirigido directamente à sociedade e aos inúmeros problemas sociais que a afectam num período de crise económica e financeira. Deveremos procurar dirigir a nossa acção política para as necessidades dos socialmente mais desfavorecidos – os que não têm emprego, as comunidades imigrantes, os que são atingidos pela precariedade e por formas contratuais que não configuram um trabalho digno.
Para estas mulheres e homens irá a nossa maior preocupação e a nossa principal acção política em nome de um país socialmente mais justo.
Também no capítulo organizativo os TSD devem promover um esforço efectivo de renovação. Procuraremos atrair os jovens e promover a igualdade de género.
É minha intenção reunir, a breve trecho, com a JSD e planear acções conjuntas já que o desemprego e a precaridade laboral atingem principalmente a juventude. Há que consertar posições e reflectir em conjunto de modo a contribuirmos para as soluções.
O tempo das duas estruturas autónomas de costas voltadas deve terminar, a bem de ambas e a bem do PSD.
Em paralelo, a utilização crescente das novas tecnologias será indispensável para a mensagem passar de modo mais célere, eficaz e económico. Este passo é incontornável para que a estrutura cresça modernize a sua imagem e a sua mensagem. Há que apostar em mais meios tecnológicos que permitam, por exemplo, a desmaterialização de algumas reuniões que, devido às distâncias, muitas vezes não contam com a presença maciça dos seus eleitos.
Trata-se, no fundo de por a tecnologia ao serviço da representatividade e da democracia internas mitigando o problema da interioridade e das distâncias quilométricas que, amiúde, nos tolhem a acção.
Caro Companheiro Pedro Passos Coelho,
Deixo para o fim, propositadamente, a relação dos TSD com o PSD.
Saiba que somos dos tais militantes do PSD que saltamos nas cadeiras quando alguns comentadores encartados do nosso panorama mediático ou até jornalistas, por conveniência ou de modo politicamente consciente, gostam de nos acantonar à direita.
É certo que o PSD não é um partido de esquerda. Mas é igualmente certo que estamos longe, muito longe, de ser um partido de direita!
Que nos perdoem a presunção, mas os TSD orgulham-se de se considerarem como os fiéis depositários do ideário social-democrata do Partido e do espírito fundador de Francisco Sá Carneiro que acredita no primado da pessoa humana e se afasta dos extremos, ou seja, quer dos projectos colectivistas e estatizantes que a História se acabou por derrotar quer, por outro lado, de um capitalismo selvagem, sem regras e sem respeito, nem pelo factor trabalho, nem pelo ser humano.
Procuraremos, na nossa relação com o Partido, reforçar a nossa autonomia para potenciar a força da nossa mensagem social. Queremos reafirmar ao PSD que o mundo laboral e as questões sociais são o nosso campo de actuação política por excelência e que o partido tem toda a vantagem em nos escutar e em ampliar a nossa mensagem nesse campo de actuação tão importante e decisivo.
Não obstante, saberemos ser solidários com o Partido e contribuiremos, com o nosso empenho, para cimentar o seu projecto alternativo para a sociedade portuguesa e a efectiva necessidade de um novo ciclo político em Portugal.
Para isso o PSD deve abrir à sociedade e deve ter um discurso em que a preocupação social seja a pedra de toque, não só no plano retórico como, principalmente, na praxis política e aí, perdoem-nos de novo a imodéstia, mas os TSD são incontornáveis.
Conte connosco companheiro Pedro Passos Coelho, todos nós contamos consigo!
Com os TSD e com o PSD: PORTUGAL PODE VENCER!

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